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Estenose aórtica e os sintomas de uma mudança

Poucas imagens são tão emblemáticas e tão importantes quanto este gráfico de um artigo publicado há mais de 50 anos.

Reproduzido de: Ross J, Braunwald E. Aortic stenosis. Circulation. 1968; 37/38 (suppl V): V-61–V-67. https://doi.org/10.1161/01.CIR.38.1S5.V-61

Até o surgimento e consolidação da cirurgia cardiovascular, receber o diagnóstico de algumas doenças cardíacas era equivalente a uma sentença de morte: os tratamentos disponíveis não tinham bons resultados e a mortalidade era extremamente elevada em poucas semanas a meses. Não existiam diagnósticos precoces e quando se descobria a doença pelos sintomas, já não restava muito a fazer a não ser aceitar a condição irreversível da doença.

Em 1968 Dr Ross e Dr Braunwald publicaram um artigo que demonstrava com dados concretos este cenário (Circulation. 1968; 37/38: V-61–V-67). A doença em questão é a estenose aórtica, uma degeneração na valva aórtica que dificulta a abertura e saída do sangue do coração, o que atrapalha o funcionamento cardíaco. Ficou demonstrado por este artigo que pacientes tinham um período latente da doença, uma espécie de “lua-de-mel”, no qual a doença progredia silenciosamente, aumentava as pressões dentro do coração, enquanto o coração se adaptava com hipertrofia (aumento da musculatura cardíaca) para conseguir vencer a obstrução. Nesta fase, a mortalidade era mínima, muito similar da população em geral. Entretanto, com o surgimento de sintomas importantes havia uma mudança vertiginosa, com aumento expressivo das mortes. Outro dado marcante deste estudo é que de acordo com o tipo de sintoma seria possível estimar o tempo média de vida que o paciente ainda teria. Em média, após o início dos sintomas, os pacientes com dor no peito (angina) morreriam em 5 anos; se fossem desmaios morreriam em 3 anos; em 2 anos para aqueles com falta de ar e incapacidade para atividades básicas.

Apesar dos resultados cirúrgicos daquela época estarem longe da segurança que temos hoje, o simples fato de conhecer a gravidade desta doença já impulsionou o avanço da cirurgia de valva aórtica. Hoje temos um entendimento muito maior dos cuidados necessários para realizar este tipo de cirurgia com segurança, além de vermos um progresso imenso das tecnologias, tais como equipamentos de monitorização mais precisos, medicamentos mais eficientes, assim como um avanço em todas as próteses e materiais usados em cirurgias. Atualmente é possível fazer cirurgias menos invasivas, com pequenos cortes e até trocar a valva “sem cirurgia”. O implante de valva aórtica por cateterismo já é uma realidade, mostrando excelentes resultados. Todos os pacientes com estenose aórtica devem ser avaliados por médicos capacitados com as técnicas existentes para definir se há necessidade de intervenção, qual o melhor momento e quais os cuidados devemos ter. Converse com seu médico para receber as devidas orientações.


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